“Por isso me voltei para o Senhor Deus com orações e súplicas, em jejum, em pano de saco e coberto de cinza.” Daniel 9:3
Os grandes heróis da fé na Bíblia tiveram uma vida de oração. Daniel é um bom exemplo de profeta do Antigo Testamento que buscava a presença de Deus em relacionamento de comunhão em oração.
Quando Daniel era jovem foi levado para o cativeiro Babilônico onde recebeu educação do povo caldeu. Nunca se curvou aos costumes neo-babilônicos. Não se influenciou pelo que o mundo ao seu redor poderia lhe oferecer. Tinha uma vida de consagração a Deus. No livro de Daniel na sequência do versículo três em destaque, até o versículo dezenove, temos uma linda oração, que retrata os anseios do profeta Daniel diante de Deus como intercessor e argumentava com Deus Todo-Poderoso sobre diversos assuntos:
- O povo de Deus se constituía uma vergonha e desonra entre os pagãos (v.16);
- Reconhece que seus pedidos estão sendo feitos (não por que era bom e por justiça própria), mas exalta as misericórdias de Deus (v.18);
- Estava preocupado com que o povo que representava o nome de Deus, com a reputação de Deus, pela ênfase dada no versículo 19: “Senhor, ouve! Senhor, perdoa! Senhor, vê e age! Por amor de ti, meu Deus, não te demores, pois a tua cidade e o teu povo levam o teu nome”.
Daniel faz Deus se lembrar de que tanto a cidade de Jerusalém (v.18) como o povo israelita (v.19), são chamados pelo teu nome. Ele se dirige ao Senhor como o Senhor Deus (Adonay e Elohim, v.3) e SENHOR Deus (Yahweh Elohim, v.4).
Daniel tinha uma visão do Criador como um Deus grande e terrível (v.4) e um Deus misericordioso e perdoador (v.9).
Daniel foi insistente, fervoroso e enfático em sua oração. Daniel se coloca diante de Deus em jejum, com o coração quebrantado em relação a Deus.
Aplicação prática:
O que o Jejum não significa?
Hoje fico assustado e preocupado, quando vejo pessoas em outras instituições religiosas não reformadas (” não seguem ou entendem corretamente a Bíblia, como regra de fé e prática“), praticando “outro evangelho” e dizendo que estão fazendo jejum de “coca cola”, de “café”, de “televisão”, de “internet”, de “facebook”, “jejum dos 21 dias”, ou, o chamado “jejum de Daniel”, ou até em alguns casos extremos, aproveitam o “jejum de comida” para perder uns quilinhos e emagrecer, transformando o jejum numa dieta, unindo o útil ao agradável, mas errando no que Deus espera deles. Numa forma simples de entender. Se eu gosto de “pizza“, então faço jejum de “pizza“, ou substituindo a palavra “pizza“, por qualquer coisa que gosto muito. Isto não é jejum diante de Deus! Isto é privação e barganha com Deus. Deus não reage desta forma conosco!
Jejum não significa sacrifício e privação. Jejum significa momento de busca de Deus, de consagração, de quebrantamento de espírito, de intensificação do nosso relacionamento com Deus e isto deve ser feito em particular, sem fazer propaganda de que fizemos ou não fizemos. É você e Deus, e ninguém precisa saber.
O motivo do jejum não é um momento de barganha com Deus, onde eu deixo de fazer isto ou aquilo, e Deus me atende, como se a prática do jejum fosse algo “mágico”, como pensam erroneamente os defensores da teologia da prosperidade, praticada em instituições religiosas não reformadas, não bíblicas.
O que o Jejum significa?
O jejum bíblico não é uma ordenança por Deus. É uma prática livre para os cristãos. No antigo testamento não era uma prática constante e comum entre os judeus, mas realizada uma vez por ano na festa da expiação (Levíticos 16: 29-34). Enquanto a oração é obrigatória para o cristão, o jejum é opcional.
A principal finalidade do jejum é quebrantamento, é colocarmos nossas vidas em oração, nos humilhando perante Deus, chorando nossas fraquezas e dificuldades, se arrependendo dos nossos pecados e pedindo perdão para Deus, clamando pelas misericórdias de Deus, como fez Daniel em sua oração.
E isto, Jesus nos alertou no novo testamento, tem que ser feito em secreto e não como os fariseus hipócritas realizavam (Mateus 6:16-18). Não é o tempo (“a quantidade de minutos, horas, dias”) que ficaremos em jejum que irá contar para Deus, mas o que faremos neste tempo de consagração, de busca em oração a Deus (“minha gratidão a Deus em oração, minha intercessão pelos enfermos, minha intercessão pela igreja, meus pedidos a Deus pela minha vida. Minha intenção simples e sincera de estar na presença de Deus, colocando Deus e o alimento espiritual em primeiro lugar”).
Deus não quer sacrifícios físicos e que possam colocar em risco nossa saúde.
O jejum bíblico nos aproxima de Deus, intensifica nosso relacionamento com Deus, fortalece nossa espiritualidade.Deixo minha alimentação por um período de tempo, para me alimentar de alimentos espirituais, colocando meu coração na presença de Deus Caso pense em realizar um período de jejum, apenas consulte seu médico, se você pode jejuar por um período curto.
Algumas pessoas, especialmente as que sofrem de diabetes tipo 1, insuficiência hepática, renal e anorexia nervosa, precisam consultar um médico, pois certamente afetará seus índices de glicemia (quedas de açúcar no sangue, se ficarem sem comer por um período) e trarão transtornos a sua saúde.
O importante é orar, mas se você quiser se consagrar em oração e jejum, após consultar seu médico e verificar esta possibilidade de jejuar, deixando de se alimentar, então de preferência, escolha um período curto (por exemplo, uma hora) e neste período curto, você se quebrante diante de seu Deus, em oração e levando ao altar do Senhor seus pedidos, como Daniel fez nesta oração. Lembre-se Deus não quer sacrifícios. Deus quer seu coração, sua vida na presença Dele.
Pr. Luiz Francisco Contri
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